A Liberdade Que Custa
A noite cai sobre a cidade, e as luzes artificiais pintam um cenário de tranquilidade ilusória. Caminho pelas ruas estreitas, observando rostos que carregam a serenidade dos que acreditam estar livres. Mas eu sei a verdade.
A liberdade, essa palavra tão disputada e desejada, nunca foi um presente fácil de receber. O anarquismo ensina que a mente deve ser libertada da religião, o corpo da propriedade e a alma dos grilhões do governo. Uma promessa de autonomia, uma ordem social regida pelo desejo puro de indivíduos livres. E, no entanto, poucos compreendem que a verdadeira liberdade não é confortável.
A busca pela liberdade absoluta exige sacrifício. Largar os padrões impostos, romper com seguranças fabricadas, abandonar certezas. É um caminho sem atalhos. A dor da ruptura, a solidão da independência, a angústia de um futuro incerto fazem parte do pacote.
Os que desejam apenas a “liberdade” confortável, a que não desafia, a que não exige renúncia, vivem em uma ilusão bem-acomodada. Ser livre é suportar a tempestade e seguir adiante, sem muros, sem donos, sem medo. É olhar para a vastidão e saber que tudo – e nada – está ao alcance.
Enquanto as ruas se esvaziam e o silêncio domina a cidade adormecida, respiro fundo e sigo caminhando. Porque a liberdade verdadeira não se encontra onde há conforto. Ela habita o espaço selvagem onde poucos ousam pisar.
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